Caixa de alfinetes, Tetris e procrastinação

Um dos objetos inusitados que levo pras minhas aulas como estudante de arquitetura é uma caixa de alfinetes, objeto muito útil pra prender pedaços de isopor em maquetes de estudo e usar como caule de árvores em escalas muito pequenas. Como ela é feita de um papelão muito fininho, já se desfez há muito tempo e hoje em dia ando com alfinetes espalhados pelos bolsos da minha mochila, um furo no dedo toda vez que eu tento pegar alguma coisa lá dentro. Esse desleixo com um objeto pequeno do meu dia-a-dia, me fez pensar no tanto de coisa que a deixamos que nos machuque  por pura preguiça de arrumar um pouco as coisas.

Embora as empresas e livros de auto-ajuda tenham estragado a metáfora, gosto de pensar na vida como um jogo e, nesse caso específico, como o Tetris. Pequenas peças que aparecem pra te desafiar a encaixar e limpar linhas. Só que, como tudo na vida, dentro do Tetris, a procrastinação e um pouco da preguiça de pensar te deixam em situações complicadas quase sempre porque você tem a certeza de que uma nova peça perfeita vai aparecer e vai resolver seus problemas, deixando pro seu eu-do-futuro-próximo a responsabilidade que você não quis assumir agora. Mas, se você parasse e refletisse sobre suas ações só um pouquinho, o seu eu-do-futuro-próximo ficaria muito mais de boa resolvendo outros problemas e não os que sobraram do passado.

Raphael Vicenzi

Essa falta de consideração com nós mesmos é altamente destrutiva e não leva a lugar nenhum. Eu queria ter uma boa conclusão pra isso mas fiquei meses andando com uma caixa de alfinetes que me machucava constantemente, logo acho que não sou a melhor pessoa pra te dar um conselho. Então, se um dia você cansar de se machucar, talvez uma boa saída seja parar por alguns instantes e tentar consertar as pequenas coisas que você deixou pra depois e estão dentro do seu controle. Seu eu-do-futuro-próximo agradece.

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